UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
Benedito M. Fagundes
SUMÁRIO
I- INTRODUÇÃO .......................................................................................................................04
1.0. NOÇÕES GERAIS DE LEITURA: SURGIMENTO NA EUROPA E NO BRASIL..........06
1.1 O PAPEL DO PROFESSOR DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO.....................................09
1.2. A BIBLIOTECA, UM ESPAÇO DE LEITURA, INTERAÇÃO E DESCOBERTA.............10
1.3. A CRIANÇA E O LIVRO ....................................................................................................10
1.4. LINGUAGEM E LEITURA...................................................................................................11
2.0 A IMPORTÂNCIA DO USO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E A LITERATURA DE
CORDEL NA ESCOLA PARA PROMOVER NA CRIANÇA O PRAZER DE LER..................12
2.1. HISTÓRIAS EM QUADRINHOS..........................................................................................14
2.1.1. HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, UM ALIADO NO INCENTIVO A LEITURA............14
2.1.2.TIRINHAS DE MAFALDA .................................................................................................16
2.2.2. LITERATURA DE CORDEL ............................................................................................22
2.2.3. A LITERATURA DE CORDEL NO BRASIL......................................................................23
2.2.4. CONCEITUANDO A LITERATURA DE CORDEL...........................................................26
2.2.5. Literatura de Cordel: PCNs...................................................................................................27
2.2.6. A INTERDISCIPLINARIDADE DO CORDEL...................................................................28
2.2.7.
A ORALIDADE DA LITERATURA DE CORDEL PARA AQUISIÇÃO DA
LEITURA........................................................................................................................................31
2.2.8. A LITERATURA DE CORDEL NA ESCOLA ..................................................................32
2.2.9. A LITERATURA DE CORDEL COMO RECURSO...........................................................32
2.3. A IMPORTÂNCIA DE OUVIR HISTÓRIAS.........................................................................34
3.0. VISITA À BIBLIOTECA PUBLICA DO PARANÁ..............................................................34
3.1. LIVRO ESCOLHIDO: Literatura de Cordel sobre o governo de Getúlio Vargas.........35
3.2. QUESTIONÁRIO SOBRE CORDEL..........................................................................38
4.0. CONCLUSÃO...........................................................................................................40
5.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................41
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RESUMO
A literatura é um instrumento facilitador, que ajuda o professor da educação básica a
comunicar, transmitir os conhecimentos e as lições que ele tem para passar a seus alunos. Com os
recursos dos contos de fada, das histórias em quadrinhos, dos livros ilustrados o professor tem
condições de se aproximar do universo da criança e criar um ambiente especial de ensino-
aprendizagem, em que as crianças podem obter conhecimentos, de forma prazerosa e lúdica,
certamente, seria muito mais difícil o desenvolvimento intelectual delas sem estes recursos. Para
isso se faz necessário utilizar com mais eficiência os ambientes da escola, como a sala de aula, o
laboratório de informática e, com uma atenção especial, a biblioteca, porque é lá, que os livros
ficam a disposição de todos, estes objetos que serão mais usados durante a vida acadêmica, para
consultas, leituras e pesquisas. A ação do professor no sentido de incentivar os alunos a leitura,
promovendo atividades onde eles possam perceber o uso prático da linguagem, será de fundamental
importância para o afeiçoamento destes alunos aos livros e aos estudos.
Palavras chaves: Literatura; Escola; Criança, biblioteca, professores.
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A INFLUÊNCIA DA LITERATURA PARA CRIANÇAS NO
DESENVOLVIMENTO DA LEITURA
I- INTRODUÇÃO
Nos primeiros anos de vida, a criança está em processo de adaptação ao novo mundo, está
conhecendo sua família e seu entorno doméstico. O que ela escuta: as conversas, as histórias dos
adultos representam algo ainda muito confuso, um pouco sem sentido para percepção infantil.
A criança vive no seu mundo imaginário, onde pode se comunicar com tudo a sua volta, do
seu jeito próprio, conversa com seus brinquedos, com os animais e até com seres invisíveis que
povoam sua mente fértil. Isto, na maioria das vezes, gera um pouco de preocupação nos adultos,
principalmente os pais, que não estão acompanhando ou não estão entendendo o processo de
desenvolvimento da criança.
Quando chega a idade adequada para ir à escola, a criança é submetida a um novo
ambiente social. Agora ela precisa interagir com outras pessoas, até então, desconhecidas para ela,
isto é, os professores, os coleguinhas, as merendeiras, o diretor, isto representa outro sistema
hierárquico um pouco diferente do que ele absorvera em casa. Neste contexto a escola precisa
desenvolver várias atividades que possibilitem a criança integrar-se consigo mesma e com os
outros, fazer com que ela entenda o mundo onde está inserida e cresça como ser humano.
Entre estas atividades, que a escola precisa promover, está o uso da literatura como
instrumento de apoio, instrumento facilitador para criança começar sua caminhada no universo
escolar, e, dá passos mais definitivos e com significados na sua autoconstrução como indivíduo.
Como afirma Costa (2010, p.23) “A Literatura Infantil é literatura e, nesse sentido, é arte e tem sua
especificidade no sujeito a que se destina – a criança, e sua respectiva cultura – a infância”. Neste
sentido, com a utilização da leitura, da escrita, das narrações das históricas dos contos com
gravuras, do uso do teatro de bonecos, de canções e outros modalidades de atividades didáticas na
escola, a criança vai se preparando para melhor lidar com a sua vida cotidiana.
Considerando os pontos levantados acima, neste trabalho vamos abordar a importância do
papel do professor como indutor na formação de bons leitores e amantes dos livros, bem como o
uso das histórias em quadrinhos e literatura de cordel em sala de aula, tornando-os instrumentos
para atrair as crianças para leitura, e demonstrando a utilização da biblioteca, este lugar muitas
vezes esquecido nas escolas, que pode ser explorado de forma mais frequente por parte dos
professores para estimular os alunos à leitura.
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CAPITULO I
1.0. NOÇÕES GERAIS DE LEITURA: SURGIMENTO NA EUROPA E NO BRASIL
Tendo surgido como reflexo de algumas transformações sociais, a literatura, desde sua
origem, instiga uma reflexão que procura definir seu estatuto no contexto das artes em geral. Tal
preocupação deve-se à especificidade do gênero que, destoando de outras formas de manifestação
artística, já nasce com uma destinação precisa, definida pelo adjetivo que o caracteriza. Nesse
sentido, observamos travar-se em seu cerne uma luta entre o conceito de literatura enquanto
construção lingüística que se define por sua autonomia e o designativo “infantil” que invoca um
recebedor determinado, obrigando o gênero a “atender aos interesses” desse receptor. A
compreensão e, conseqüente, resolução desse impasse, fator determinante para aqueles que têm o
gênero como objeto de trabalho, começa a se esboçar com traços mais nítidos quando nos situamos
na origem do problema: o surgimento, na Europa, de textos destinados ao público jovem.
Associada a acontecimentos de fundo econômico e social, a origem da literatura para
crianças ocorre no século XVIII, período em que a Revolução Industrial é deflagrada.
Determinando o crescimento político e financeiro das cidades, a industrialização tem como reflexo
direto a decadência do sistema medieval, baseado no feudalismo e na valorização do poder rural.
Em substituição aos grandes senhores feudais, a burguesia se afirma como classe social urbana,
incentivando a consolidação de instituições que a ajudem a atingir as metas desejadas. Entre essas
instituições, destacam-se a família e a escola.
Interessado em fraturar a unidade do poder dos feudos, o Estado Absolutista passa a
estimular um modo de vida mais doméstico e menos participativo publicamente, criando para tanto
um determinado estereótipo familiar, baseado na organização patriarcal e no modelo de família
nuclear. Visto que tal estereótipo representa o sustentáculo dessa nova forma de governo, para
legitimá-lo foi necessário promover a criança, maior beneficiário dessa estrutura. Se até o século
XVII ela era vista como um adulto em miniatura, a partir do século XVIII adquire um novo status,
determinando a valorização dos laços de afetividade e não mais de parentesco e herança conforme
previa o sistema medieval.
Detentora de um novo papel na sociedade e vista agora como um ser frágil, desprotegido e
dependente, a criança passa a ser alvo de valorização e de proteção, sendo separada da hostilidade
do mundo adulto ao qual tinha antes livre acesso. Esse protecionismo redunda em isolamento,
tornando necessário o surgimento de instituições que preservem o lugar do jovem na sociedade e
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sirvam de mediação entre a criança e o mundo. É, nesse contexto, que surge a escola.
Numa sociedade em que o processo de modernização é flagrante em virtude da
industrialização, cabe à escola adequar o jovem a esse novo quadro social. Isso é feito
primordialmente por meio da alfabetização, habilitando a criança ao consumo das obras impressas
que se proliferam no século XVIII como reflexo desse processo: aperfeiçoamento da tipografia e
expansão da produção de livros. Alfabetizados, os jovens passam a necessitar de material adequado
que supra essa nova habilidade adquirida, determinando o início dos laços entre a literatura e a
escola.
Produto da industrialização e, portanto, sujeito às leis do mercado, o livro passa a
promover e a estimular a escola, como condição de viabilizar sua própria circulação e consumo.
Nesse sentido, sua criação, visando a um mercado específico cujas características precisa respeitar e
motivar, adota posturas, por vezes, nitidamente pedagógicas e endossa valores burgueses a fim de
assegurar sua utilidade. Surge, nesse momento, o grande impasse que acompanhará todo o percurso
de evolução do gênero: arte literária ou produto pedagógico-comercial?
Longe de ser resolvido, tal impasse faz emergir um questionamento incômodo: se de um
lado, tantas concessões interferem na qualidade artística dos textos; de outro, denunciam que, sem
concessões de qualquer grau, a literatura não subsiste como ofício, ou seja, sem abrir espaço para a
mediação do leitor no seu processo de elaboração, a literatura não se socializa. É na tentativa de
resolver essa problemática que a literatura para criança e seu estudo vão ganhando relevância.
No Brasil, embora a literatura juvenil tenha surgido no século XVIII, foi somente no
século XIX que, relativizando, ainda que de maneira incipiente, o flagrante pacto com as
instituições envolvidas com a educação da criança, ela define com maior segurança os tipos de
livros que mais agradam aos pequenos leitores, determinando suas principais linhas de ação:
histórias fantásticas, de aventuras e que retratem o cotidiano infantil. Descoberto e valorizado esse
interesse, o gênero ganha consistência e um perfil definido por meio do trabalho dos autores da
segunda metade do século XIX, garantindo sua continuidade e atração.
É nesse contexto que a vertente brasileira do gênero emerge. Embora os livros para
crianças comecem a ser publicados no Brasil em 1808 com a implantação da Imprensa Régia, a
literatura juvenil brasileira nasce apenas no final do século XIX. Mesmo nesse momento, a
circulação de livros para crianças no país é precária e irregular, representada principalmente por
edições portuguesas que só aos poucos passam a coexistir com as tentativas pioneiras e esporádicas
de traduções nacionais. Enquanto sistema (de textos e autores postos em circulação junto ao
público), a literatura destinada ao jovem público brasileiro se consolida somente nos arredores da
Proclamação da República.
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Esse processo não é gratuito: no final do século XIX, vários elementos convergem para
formar a imagem do Brasil como um país em processo de modernização, entre os quais se destacam
a extinção do trabalho escravo, o crescimento e a diversificação da população urbana e a
incorporação progressiva de levas de imigrantes à paisagem da cidade. Visto que essas massas
urbanas começam a configurar a existência de um virtual público consumidor de produtos culturais,
o saber obtido por meio da leitura passa a deter grande importância no emergente modelo social que
se impõe, fazendo com que a escola exerça um papel fundamental para a transformação de uma
sociedade rural em urbana.
Como elementos auxiliares nesse processo, os livros juvenis e escolares são dois gêneros
que saem fortalecidos das várias campanhas de alfabetização deflagradas e lideradas, nessa época,
por intelectuais, políticos e educadores, abrindo espaço, nas letras brasileiras, para um tipo de
produção didática e literária dirigida especificamente ao público jovem.
Aberto esse campo, começa a despontar a preocupação generalizada com a carência de
material de leitura adequado às crianças do país as quais contavam apenas com adaptações e
traduções dos clássicos infantis europeus que, muitas vezes, circulavam em edições portuguesas
cujo código lingüístico se distanciava bastante da língua materna dos leitores brasileiros. Em função
da necessidade do abrasileiramento dos textos, aumentando sua penetração junto às crianças, o
início da literatura juvenil brasileira fica marcado pelo transplante de temas e textos europeus
adaptados à linguagem brasileira.
Uma vez que a escola é um ambiente privilegiado para a difusão desses textos, na medida
em que nela se encontram os leitores-consumidores visados pelo projeto de alfabetização, a
disponibilidade do mercado para o consumo por ela evidenciada justifica a repetição de fórmulas e
a ênfase na missão formadora e patriótica dessa literatura para crianças.
Transformando o movimento de nacionalização em nacionalismo, a literatura lança mão,
para a arregimentação de seu público, do culto cívico e do patriotismo como pretexto legitimador,
conceitos que se manifestam por meio da exaltação da natureza, da grandeza nacional, dos vultos e
episódios históricos e do culto à língua pátria.
Nesse sentido, se por um lado a preocupação com o destinatário juvenil motivou a
adaptação que fez esses textos afastarem-se dos padrões europeus; por outro, o compromisso
escolar e ideologicamente conservador atribuiu a essa literatura a função de modelo.
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1.1 O PAPEL DO PROFESSOR DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
NA FORMAÇÃO DE LEITORES EFETIVOS
Entre todos os agentes da escola, o professor é sem dúvida, quem mais tem o poder de
transformar, de influenciar as crianças. Ele faz o contato direto e constante com os alunos. A sua
presença, a sua interferência tem o potencial de produzir novos e bons leitores, novos
pesquisadores, novos amantes dos estudos. Este processo se inicia nos primeiros anos de escola. O
professor das séries iniciais precisa ser reconhecido e também se reconhecer como peça de
fundamental importância no sistema de formação de amantes do saber.
A literatura no ensino fundamental pode e deve ser aliada do professor no processo de
conduzir a criança de forma segura na jornada escolar, para isso, é essencial ele, o professor, ler
pesquisar e conhecer as obras e os bons autores de literatura para crianças, interagir com os outros
professores, e sempre buscar adequar os conteúdos encontrados nas obras literárias a sua realidade
local e a de seus alunos. Com este cabedal de conhecimentos o docente terá efetivas condições de
despertar o interesse dos alunos pela leitura. Segundo Costa (2010, p.158): “A relação entre
literatura e escola deve ser intrínseca e explorada pelo professor na sua prática pedagógica. Explorá-
la sem limites”.
E para ser bem sucedido nesta tarefa de despertar as consciências das crianças para leitura,
o professor precisa ter desenvolvido sua capacidade técnica de manipular os recursos que estão ao
seu alcance e ter disponibilizado um ambiente adequado na escola, para que possa aplicar as
dinâmicas, que preparou visando à integração dos alunos com a leitura.
No uso da literatura para crianças em sala de aula, o professor deve se apresentar como
elemento ativo e agente promotor de mudanças. Em uma narração de uma história, por exemplo, há
momentos mágicos onde todos podem estar aprendendo, os alunos e o professor. Lições de
bondade, de beleza, de justiça podem ser passadas de forma leve e divertida através do conto. Estes
momentos de prazer certamente vão permanecer na memória de cada participante.
Segundo Freire (1999, p.80): “Ensinar exige alegria e esperança. [...] A esperança de que o
professor e os alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente
resistir aos obstáculos à nossa alegria”. A literatura promove isso, através dos contos é possível
viajar, refletir, sonhar, perceber seus problemas através dos problemas dos personagens, e descobrir
soluções para esses problemas. Se o professor se dispõe utilizar estes recursos de forma coerente e
com bom- senso, certamente despertará o interesse de seus alunos pela leitura.
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1.2. A BIBLIOTECA, UM ESPAÇO DE LEITURA, INTERAÇÃO E DESCOBERTA
As bibliotecas das escolas podem ser um espaço mais atraente para as crianças e
adolescentes. Portanto devem ser mais divulgadas e incentivadas pelos professores para serem
visitadas pelos alunos.
“Eu”, por exemplo, não me lembro ter ido a uma biblioteca na escola quando era estudante
nos primeiros anos escolares, nem também depois, nunca ouvi de um professor, em mais de 14 anos
de escola, um convite ou incentivo para ir à biblioteca, mas mesmo hoje, noto ainda certo abandono
das bibliotecas das escolas, não no sentido de cuidado, elas na grande maioria das vezes estão
arrumadas, os livros na estante estão organizados por assunto, em muitos casos tem até uma
bibliotecária, mas falo no sentido de serem muito pouco visitadas.
A biblioteca, este ambiente especial da escola, merece receber um olhar diferenciado dos
profissionais da educação. Os livros são a principal fonte, onde os professores e alunos buscam o
conhecimento, e o local na escola reservado para eles ficarem, precisa ser visitado com mais
frequência. Para isso, tornar a biblioteca um local atraente para os alunos de todas as faixas etárias é
o grande desafio de professores, pedagogos, bibliotecários e diretores das escolas.
Existem vários projetos bem elaborados visando exatamente isto, apresentar a biblioteca
como um ambiente atraente, onde se pode ler, aprender de forma lúdica e obter o conhecimento. As
implementações destes projetos, evidentemente, devem começar desde as séries escolares iniciais,
para poder ir formando um hábito nas crianças.
Nesta pesquisa, um destes projetos atraiu minha atenção, porque exatamente desfaz aquela
ideia de biblioteca como um lugar fixo, austero, de apenas silêncio e introspecção, é o Projeto
Biblioteca Para Primeira Infância, desenvolvido pelo Instituto Brasil Leitor, consultado via internet
em 15/09/2012, que apresenta uma biblioteca versátil, que pode ser montada numa sala de aula,
numa enfermaria de um hospital para crianças ou num espaço público, onde estiverem crianças. Os
móveis, os livros, os brinquedos, tudo foi pensado para criar um ambiente de interação, aprendizado
e prazer para as crianças. Este projeto, como tantos outros bem elaborados, pode servir como
exemplo inspirador para todos os educadores.
1.3. A CRIANÇA E O LIVRO
O contato da criança com o livro pode acontecer muito antes do que os adultos imaginam.
Muitos pais acreditam que a criança que não sabe ler não se interessa por livros, portanto, não
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precisa ter contato com eles. O que se percebe é bem ao contrário. Segundo Sandroni e Machado
(1998, p.12) “a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer”.
As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros
possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as. É importante
que o livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que tenha um contato mais íntimo com o
objeto do seu interesse.
A partir daí, ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem parte de um
mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras e desenhos. De acordo com
Sandroni e Machado (1998, p.16) “o amor pelos livros não é coisa que apareça de repente”. É
preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim, pais e professores têm um
papel fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura.
1.4. LINGUAGEM E LEITURA
O ser humano inicia a sua aprendizagem a partir do momento em que nasce. Nos
primeiros contactos com o ambiente que o rodeia, com a mãe, com o meio familiar e, mais tarde,
com o ambiente escolar e social, estabelece-se uma inter-relação que se vai aprofundando e
modificando, de acordo com o próprio desenvolvimento. Nessa inter- relação actua a criança e o
adulto, que “ensina”.
A linguagem é muito importante em todo o processo de desenvolvimento da criança, uma
vez que vai ser o suporte de todas as aprendizagens e aquisições. Daí a criança ser capaz de
comunicar, recorrendo a todo o tipo de linguagem oral, escrita, corporal e gestual.
A aquisição da linguagem pela criança processa-se de forma natural e espontânea, basta
que seja exposta à língua da comunidade a que pertence, isto é, que ouça falar à sua volta e que
falem. A linguagem adquire-se e desenvolve-se através do uso, do ouvir falar falando. Esta
aquisição processa-se em várias fases e é condicionada por diversas influências, pelo que nem todas
as crianças do mesmo nível etário apresentam o mesmo grau de desenvolvimento linguístico.
A linguagem vai progredindo e aperfeiçoando-se, à medida que são vencidas as várias
fases, mas esta evolução necessita da intervenção do adulto, quer seja da família ou do professor. As
alterações da linguagem podem surgir em qualquer umas das etapas e podem ser devidas a
deficiências congénitas, mas também a factores de ordem sócio-cultural e sócio - económico do
meio de onde provêm os alunos.
As dificuldades que algumas crianças apresentam no início da vida escolar manifestam-se
nas matérias fundamentais, a leitura e a escrita, tendo como consequência dificuldades noutras áreas
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de aprendizagem traduzindo-se em fraco rendimento escolar. É ao iniciar a sua escolaridade (Ensino
Básico) que se manifestam essas dificuldades na aprendizagem, dado que é no 2o e 3o anos do
Ensino Básico que criança deve aprender a ler e a escrever, tarefa escolar que poderá transformar-se
numa verdadeira angústia e numa enorme dificuldade caso não tenham sido adquiridos certos
requisitos.
Estas dificuldades poderão levar a criança a rejeitar as aulas, a perturbar o ambiente da sala
de aula, a recusar realizar as tarefas, falta de estímulo para estar na sala de aula, podendo mesmo
conduzir ao desenvolvimento de uma personalidade conflituosa.
“Para que os alunos que chegam à escola, com uma variedade de origem diferente,
alcancem o nível de mestria necessário no Português padrão, não pode esquecer-se que a simples
exposição ao modelo fornecido pelo professor e por outros colegas não é suficiente, havendo que
promover, na sala de aula, estratégias de ensino diferenciadas, direcionadas para este propósito
específico.”
Este processo é simples e natural, mas exclui por completo o imobilismo. Para o professor
consiste em ter ao mesmo tempo, e em interação permanente, dois cuidados: o de conhecer sempre
melhor os “recursos” do aluno e o descobrir, sem cessar novos itinerários para os seus saberes.
O trabalho em conjunto, professor – aluno é uma forma de conseguir uma aprendizagem
significativa para a criança, pois parte das necessidades do ator principal do processo pedagógico,
que é a criança. Neste processo, a responsabilidade e a autonomia dos alunos são essenciais dado
que eles são membros ativos da sua aprendizagem.
A linguagem individualiza-nos enquanto espécie e constrói-nos como sujeitos na medida
em que nos permite conhecer, pensar, agir argumentar, sentir, abrindo-nos as portas do
conhecimento.
CAPITULO II
2.0 A IMPORTÂNCIA DO USO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E A
LITERATURA DE CORDEL NA ESCOLA PARA PROMOVER NA CRIANÇA O PRAZER DE
LER
Considera-se como marco inicial das histórias em quadrinhos, o início de nossa
civilização, onde esta forma de expressão era utilizada pelo homem pré-histórico, em suas pinturas
feitas nas paredes, representando imagens com diversos significados. Ao longo da história surgiram
muitos materiais que se utilizavam da imagem para transmitir informações, essa linguagem criada
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pelos homens das cavernas, hoje é chamada de quadrinhos, que acabou se tornando grande veículo
de comunicação popular em todo o mundo.
As histórias em quadrinhos surgem com um objetivo: o de criticar a sociedade, diante
de tanta pobreza. Sendo assim, o primeiro quadrinho nasce em 1894, com o personagem americano
Yellow Kid, o garoto amarelo, que retratava a história de um menino pobre da favela, do qual usava
um camisolão amarelo, e nele apareciam os textos escritos. Durante muito tempo, a produção de
histórias em quadrinhos se limitou à publicação de quadrinhos estrangeiros, principalmente
americanos que apresentavam personagens heróicos e fascinantes.
Aqui, no Brasil, o seu início não foi muito diferente, utilizavam-se charges com
desenhos, dos quais eram impressos e distribuídos pelas praças, como o intuito de ironizar e resistir
aos desmandos do poder. O Brasil se tornou um dos pioneiros na criação moderna dos quadrinhos,
numa definição bastante simples, são formados por: imagem e linguagem escrita.
Nossa primeira revista dedicada às crianças chamou-se Tico-Tico e surgiu em 1905.
Essa revista continha poucas páginas com quadrinhos, o restante eram curiosidades, fábulas e
informações diversas. Com o tempo a revista foi ganhando prestígio, o que influenciou o
surgimento de novas revistas. Nas décadas de 20, 30 e 40, os quadrinhos viraram febre. A partir de
1960, os quadrinhos nacionais garantiram excelentes artistas e personagens consagrados. Ziraldo
criou o Pererê e o Menino Maluquinho; Maurício de Souza criou Bidu e, mais tarde, as personagens
Mônica, Cebolinha, Cascão e Chico Bento. Nos dias de hoje, é fato, as histórias em quadrinho
continuam fazendo sucesso entre a garotada. Isso significa que elas vieram para ficar.
Já a literatura de Cordel no decorrer dos séculos tem se tornado no Brasil e para o mundo
um patrimônio cultural do povo. Pois é uma arte que valoriza as raízes regionais e popularizou-se
conduzindo a tradição, geralmente em versos apresentados oralmente.
Veio da Europa com os colonizadores no século XVII, e esta arte nada mais é do que
livretos escritos em verso com rimas em papel simples, que aborda temas reais como: política,
corrupção, problemas sociais, valores, costumes e outros. Era vendido na feira pendurado em
cordel, daí porque tem esta nomenclatura: Literatura de Cordel. Os brasileiros herdaram e
transformaram em linguagem popular e criaram novas modalidades, regras, técnicas e estilo.
Assim sendo, o presente trabalho tem por finalidade incentivar o uso da literatura de cordel na sala
de aula. Será possível esse recurso paradidático na escola? O que estudar com ele? Será viável?
O uso do folheto de cordel na prática pedagógica possibilita a exploração da leitura lúdica, aborda
diferentes disciplinas e por ser interdisciplinar, como também ele dá abertura para os professores
das demais áreas do ensino regular.
Faz-se necessário que o cordel seja utilizado em sala de aula, se forma a atender as
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diferentes modalidades de ensino, buscando a temática a ser trabalhada. O professor será sempre o
mediador entre o cordel e o aluno. Ele será sempre o incentivador da cultura.
Enfocaremos neste trabalho a historicidade do cordel, no Brasil e no mundo, seus conceitos, a
exploração como recurso didático, a interdisciplinaridade por natureza no cordel e as contribuições
da oralidade do cordel para a aprendizagem.
2.1. HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
As histórias em quadrinhos foram, por muito tempo, consideradas como coisa para criança.
Mas na escola havia uma grande resistência no seu uso como objeto de leitura para criança, só a
bem pouco tempo, alguns professores mais modernos, de forma ainda muito tímida, começaram a
se utilizar das histórias em quadrinhos como objeto de leitura na sala de aula. Isso porque houve
uma mudança de percepção, por parte do meio acadêmico, em relação às histórias em quadrinhos.
De repente, as histórias em quadrinhos, tidas como uma subliteratura prejudicial ao
desenvolvimento intelectual das crianças, passam a despertar interesse nos meios cultos e serem
analisadas com seriedade pelos estudiosos, como uma nova forma de manifestação artística e
cultural. (ALVES, 1996, p. 2)
Para atrair as crianças para leitura o professor tem a sua frente um grande desafio, porque
há concorrência por todos os lados, principalmente nos dias atuais, com tantas opções de distração,
como é o caso da televisão, dos jogos eletrônicos, dos celulares repletos de recursos audiovisuais,
dos computadores. A batalha não é simples para conduzir as crianças, fazê-las sentar e ler um livro
com prazer. As histórias em quadrinhos, neste sentido, pode ser uma opção muito atraente para as
crianças, porque combina vários fatores como afirma Alves (1996, p. 5) referindo-se aos
quadrinhos:
O sucesso das histórias em quadrinhos baseia-se na forma de leitura que, sem forçar a
mente a complicadas formulações, e sem exigir atualização no campo da teoria literária, ainda
diverte. Crianças (até as não alfabetizadas), adultos, professores, sociólogos, psicólogos,
interessam-se por este meio de expressão, seja como “inocentes” leitores (principalmente no caso
das crianças), ou interrogando-se sobre a importância das histórias em quadrinhos.
2.1.1. HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, UM ALIADO NO INCENTIVO A LEITURA.
Hoje em dia é frequente observar o desinteresse das crianças pela leitura, isso talvez
ocorra devido às facilidades do mundo virtual e dos encantos televisivos, assim a leitura uma prática
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milenar e fantástica, foi relegada a segundo plano. Baseados nesta realidade a nossa preocupação
esta em desenvolver o interesse a leitura, através das Histórias em Quadrinhos, muitos professores
já utilizam os quadrinhos como mecanismo eficaz para o ensino e as necessidades de aprendizagem,
segundo Sobanski (2009 p.46 a 51) estes oferecem subsídios importantes para tal, como:
✓ Incentivam o gosto pela leitura, pois os quadrinhos são considerados pelos alunos, um
tipo de texto divertido e prazeroso.
✓ Influenciam diretamente na memorização, desenvolvendo conexões ligadas à escrita a
leitura e ao pensamento.
✓ A composição em geral dos quadrinhos, cores, imagens, pontuação, facilitam a
interpretação e ao desenvolvimento do raciocínio lógico.
✓ Contribuem para que a criança adquira o hábito à leitura, tornando-a mais criativa.
✓ De forma lúdica, motivam e estimulam a criança a desenvolver suas habilidades.
✓ Os quadrinhos aproximam o leitor ao mundo imaginário.
De acordo com Ferraz e Fusari (1993), as histórias em quadrinhos, além de ser uma
linguagem artística e de comunicação social, despertam no público infantil e jovem grande interesse
devido as suas diversas possibilidades interativas e imaginativas.
No mundo atual, podemos observar crianças com os mais diversos temperamentos:
carinhosos, bons, outros nem tanto, carentes, nervozinhos, entre tantas outras características. O
professor, ao entrar em sala de aula, já encontra essa mistura de gêneros, mas como ensinar o hábito
da leitura a alunos com tantas diferenças? Todo ser humano possui o seu modo de pensar e agir,
portanto, cabe ao professor de maneira criativa, encontrar a melhor solução e despertar o interesse
dos alunos, para o processo de ensino-aprendizagem, por isso, as Histórias em Quadrinhos são
ótimas alternativas neste processo.
Embora algumas pessoas acreditem que elas desestimulam a leitura, tornando as
crianças “preguiçosas” afetando diretamente a criatividade, uma vez que estas já trazem cenas
prontas, consequentemente interferindo na imaginação, logo, estudos do pesquisador Oliveira
(2006, p.22), comprovam o oposto, desfazendo este equívoco.
Quanto aos quadrinhos interferirem na imaginação, os desenhos, os personagens e o
cenário só adquirem movimento, através da própria imaginação do leitor. O que comprova que as
HQs não são má influencia; pelo contrário, elas estimulam o mundo imaginário do aluno, desde que
o professor tome alguns cuidados. Antes de fazer uso desses recursos em sala de aula, o educador
necessita primeiramente dominar o assunto, conhecer profundamente suas possibilidades de ensino
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e utilizá-las de forma criativa, para que não haja futuras dificuldades.
Dominando o assunto e usando os quadrinhos de maneira adequada e correta, este meio
de comunicação, adorado pela maioria das crianças, pode ser utilizado como incentivo a leitura,
pois as histórias são de fácil compreensão, possuem ações rápidas, com ilustrações que chamam a
atenção. Além disso, as crianças gostam de atividades, que despertem a criatividade,
consequentemente influenciando no hábito e gosto pela leitura.
Adquirir o hábito da leitura é um bem que a pessoa faz a si próprio, pois ler nos faz
viajar sem ao menos sairmos do lugar, nos permite obter novas culturas, conhecer novos horizontes
em relação ao mundo, faz com que você enriqueça seu vocabulário, proporciona conhecer pessoas e
a nós mesmos, ela nos permite expandir nossos conhecimentos. Quem lê aprende a escrever e a
interpretar melhor, nos tornamos pessoas muito mais criativas e mais preparadas para enfrentarmos
a realidade do mundo.
2.1.2.TIRINHAS DE MAFALDA
Temos a consagrada produção de Quino, Argentina, publicadas no Brasil. As tirinhas de
Mafalda são uma referência a problemas atuais e são exploradas na composição de questões de
vestibular, nas universidades brasileiras – as charges também servem frequentemente a este
propósito.
Fonte: Mafalda: uma tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino Quino.
16
Fonte: Mafalda: uma tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino Quino.
Fonte: Mafalda: uma tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino Quino.
O Brasil produz uma quantidade considerável de álbuns com finalidades pedagógicas. A A
Editora Brasil-América (EBAL), fundada em 1945 por Adolfo Aizen, foi um dos pioneiros na
produção e edição de histórias em quadrinhos. Dedicou a temas históricos e abriu espaço para
desenhistas brasileiros. Nesta
época
os quadrinhos eram colocados como responsáveis pela
marginalidade dos jovens.
“A produção de Histórias em Quadrinhos da EBAL possuía características
positivistas. Eram álbuns ilustrados por desenhistas brasileiros e organizados
por historiadores, que privilegiam a narrativa e apresentavam os temas de
forma romanceada, enaltecendo a figura do herói.” (PALHARES: 2008)
Existe uma grande quantidade de Histórias em Quadrinhos que podem ser utilizadas nas
salas de aula como recurso didático.
A utilização de histórias em quadrinhos no ensino da disciplina pode ser de grande valia,
uma vez que as mesmas apresentam uma forma de comunicação visual e verbal e ainda que muitas
abordam temas relacionados aos conteúdos trabalhados em sala de aula.
17
O uso de histórias em quadrinhos para o ensino sugeriri que a metodologia não seja
centrada apenas no livro didático como fonte de informação e reflexão a respeito da Literatura e
História no processo ensino-aprendizagem, desta maneira, o trabalho em sala de aula, é mais
prazeroso tanto para o aluno como para o professor.
Não existem regras para sua utilização, de histórias em quadrinhos, porém, uma
organização deverá existir para que haja um bom aproveitamento de seu uso no ensino podendo
desta forma, atingir o objetivo da aprendizagem.
“... os historiadores fazem uso de diferentes documentos, os quais são
denominados de fontes históricas, quepodem ser escritas, visuais e sonoras.
Portanto, a leitura de HQ é essencial, pois se tem nela uma nova forma de
ver, de ler, além de desenvolver habilidades de compreensão. É essencial,
pois se tem nela uma nova forma de ver, de ler, além de desenvolver
habilidades de compreensão.” (PALHARES: 2008)
Nas
histórias em quadrinhos é importante que cada quadrinho contenha em si uma
densidade muito grande de informações, para que o leitor compreenda o que autor esta tentando
passar como mensagem.
A
história
em
quadrinhos
introduz
uma
nova
forma
de
narrativa
que tem como ponto principal a união de duas linguagens: verbal e não verbal. Nos quadrinhos a
imagem tem papel de linguagem e adquirir sentido dentro do contexto social em que se encontra
inserido.
Nas histórias em quadrinhos, a mensagem linguística compreende um aspecto narrativo.
Os símbolos permitem uma inovação constante nos meios de expressão gráfica, ampliando a
dimensão estética e informativa dos quadrinhos.
Os quadrinhos são poderosos veículos de comunicação, capaz de atingir com eficácia um
grande número de consumidores dos mais diversos setores sociais e, portanto, capazes de divulgar
valores e questões culturais que não devem ser simplesmente assimilados, mas avaliados e
criticados.
São percebidos como um produto artístico possível tanto de promover comunicação em
um nível estético, quanto de sugerir questionamentos dentro de uma realidade social. As histórias
em quadrinhos têm adentrado ao espaço escolar através dos personagens que viram filmes (Homem
Aranha, X-Men 2 , Huck), de gibitecas e do próprio livro didático, que vem se utilizando de tirinhas
18
e pequenas histórias para tratar de temas em diferentes áreas do conhecimento.
http://www.google.com.br/imagens
http://www.google.com.br/imagens
http://quadrinhosdesuperherois
.blogspot.com.br/2012/04/historia-do-
hulk-nos-quadrinhos-parte-3.html
19
As histórias em quadrinhos exigem planejamento, ajustamento do material ao conteúdo a
ser trabalhado e finalidade em seu uso. Assim, é fundamental para o sucesso de seu emprego
podem servir como fonte de pesquisa histórica onde os alunos possam interpretar o passado, com
um potencial bastante significativo, já que o passado nem sempre pode ser facilmente ordenado e
compreendido por jovens estudantes, inserindo o texto escrito que geralmente oferece o estranho
passado histórico pode ser compreendido de uma nova forma.
Os alunos devem ter um número suficiente de histórias em quadrinho em mãos para
desenvolver uma leitura. Que
seja levando um número suficiente de revistas de HQ, com a mesma história, ou baixar de sites da
internet e distribuir cópias para os alunos usarem, por exemplo, no laboratório de informática
da escola, ou mesmo pesquisa fora de sala de aula.
As histórias em quadrinho Podem ser utilizadas no momento da avaliação do ensino
aprendizagem. Os alunos podem criar suas próprias histórias. O professor tem que ter bem claro o
que quer dos alunos. É necessário analisar as possibilidades de aprendizagem do aluno, a respeito
da matéria estudada: desenho, escrita, etc.
Na sala de aula, o professor tem que estar preparando para todas as inferências que
surgirem por parte dos alunos e saber direcionar as discussões para o objetivo proposto. “As
histórias em quadrinhos constituem um importante recurso não só para o entretenimento dos alunos,
mas também como ferramenta que auxilia os professores. (ROMA, 2004. In: OLIVEIRA)
Atualmente é percebido que os livros em quadrinhos estão sendo inclusos no Programa
Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), do MEC que estão levando as histórias em quadrinho para
as escolas públicas. Este tipo de material apresentam diversas possibilidades de metodologias,
sendo um suporte pedagógico que pode ser utilizado em diversas disciplinas cabendo ao professor
saber o melhor caminho para introduzi-lás no roteiro de atividades, pois as HQs podem servir para
iniciar um novo conteúdo, para fomentar um debate, finalizar uma matéria, dentre várias outras
possibilidades.
20
Toda Mafalda de Quino.jpg
Mafalda de Paulo Freire.
Mafalda de Quino.jpg
21
Podemos notar que a presença das histórias em quadrinhos na sala de aula é rica e pode
contar como avaliação. Isso é um fato constante na realidade escolar. As HQs é de estrema
relevância para trabalhar com o aluno. Com elas os docentes mostram aos discentes seus deveres,
suas funções, suas obrigações.
As histórias em quadrinhos podem ser trabalhadas em qualquer disciplina. Nas aulas de
português, por exemplo, pode ser abordando os conteúdos morfológicos, sintáticos e semânticos.
Outra atividade é o conhecimento dos personagens, pois cada um tem uma personalidade, e
foi criado com uma intenção: o conhecimento de suas características que ajuda os alunos a
compreender melhor a matéria. Todo desenho é uma forma de comunicação, sendo a imagem um
discurso.
Veja mais uma vez a imagem da Mafalda:
2.2.2. LITERATURA DE CORDEL
A manifestação cultural de cada povo ocorre com a evolução do tempo, seguido do
pensamento, da criatividade e vai se adequando aos novos desafios, nos mais diversos momentos da
vida, de ambiente que cada sociedade se insere.
Não se sabe certo o lugar de concepção do folheto de cordel, sabe-se que ele surgiu na
Europa por volta do século XII e que é uma composição vocabular de origem ibérica com raízes
provençais. Há quem diga que os menestréis, trovadores e jograis, animavam as palestras nos
palácios, cantando as aventuras, fatos e sucessos que acontecia com o povo que vivia em servidão
da época e registravam o esbanjamento e a luxúria que existia por parte da nobreza, do clero que
eram os senhores feudais.
A França hoje é considerada o berço da literatura de cordel, mas há registros que no norte da
22
Itália e na Galícia Espanha esta cultura já caminhava e os cavaleiros medievais contribuíram com
sua divulgação por toda Europa, isso de forma oral. O que mais fortaleceu esta cultura foi a
invenção da imprensa; as grandes viagens marítimas e depois a Revolução Francesa e Industrial,
porque navegantes e mercadores o conduziam e introduziam com novas formas de sobrevivência e
o folheto de cordel tomou um novo rumo, espalhando-se por toda América pelas mãos dos
colonizadores.
2.2.3. A LITERATURA DE CORDEL NO BRASIL
No nosso país o cordel foi trazido pelos portugueses e aqui “encontrou um solo fértil”
Kaplan (2004, p. 3) e a partir de Salvador na Bahia, adentrou o Brasil afora e ganhou o sertão
nordestino com as entradas das Bandeiras dos colonizadores portugueses em suas aventuras e busca
do ouro e de abertura de novas fronteiras geográficas e desbravadoras e da criação de gado.
Foi no solo nordestino, mais precisamente na Paraíba que o cordel ganhou celebridade no final do
século XIX, na cidade de Pombal com Leandro Gomes de Barros. Até então o folheto era vendido
como folha solta e este poeta lhe deu nova vida, passando daí por diante a editar e comercializar,
com a forma tal que temos nos dias de hoje. Leandro Gomes de Barros é o patriarca desta cultura
secular
e
a
Paraíba
é
considerada
como
o
berço
da
literatura
de
cordel.
O Cordel veio da Europa
No fim do ano passado
No Nordeste do Brasil
Ele foi bem implantado
E os poetas conseguiram
Com ele bom resultado (KAPLAN, 2004, p. 3).
23
Folhetos de cordel em varal
No Brasil, teve seu auge nas décadas de 40 e 50 do século XX e ali atingiu seu ápice
maior. A cultura desta literatura perdura por mais de 100 anos impresso no Brasil e nela se registra
as marcas da verdadeira História desta Terra, principalmente a história e a geografia nordestina. É
na Literatura de Cordel que temos registro do Cangaço, o histórico do Padre Cícero neste cenário, a
sediação de Juazeiro, a Coluna Prestes, a Guerra do Quebra Quilos, a História de Canudos, o grande
líder Getúlio Vargas, entre tantos fatos que marcaram época na história nordestina e brasileira.
varnecicordel.blogspot.com
24
varnecicordel.blogspot.com
sebodomessias.com.br
luizberto.com
25
paulus.com.br
Com certeza esta literatura popular, o cordel, formou o pensamento político da juventude
nos anos 60, que eram tão firmes em seus propósitos e ideais. Nos folhetos de cordéis estão
inseridos uma forte ideologia transformadora, ditada por simples escritores que eram porta-vozes do
povo denunciando o clamor e as injustiças e a forma de governar dos políticos.
26
2.2.4 . CONCEITUANDO A LITERATURA DE CORDEL
Segundo Alves Sobrinho (2003, p. 109) “O nome folheto em Literatura de Cordel, é
entendido
como
genérico
(...)”.
Literatura
de
Cordel
é poesia popular, é história contada em verso, em estrofes a rimar, escrita em papel comum Feito
pra ler ou cantar (DINIZ, 2007, p. 1).
A poesia popular enquanto literatura oral já existe a mais de três milênios. Na modalidade
escrita a literatura dita do povo é registrada em folheto de cordel que possui este nome por ser
vendido pendurado em cordas, cordão ou barbantes. Geralmente é desenvolvido em sextilhas,
sétimas, oitavas e décimas, sendo que os cordelistas mais experientes dominam os dodecassílabos e
os alexandrinos. É impresso em papel jornal e apenas a capa em pergaminho, que é impressa pelos
métodos de xilogravuras. Em sua estrutura formal apresenta-se com 8 (oito), 16 (dezesseis) e 32
(trinta e duas) páginas, sendo que a partir de trinta e duas páginas é também chamado de romance
(ALVES SOBRINHO, 2004).
Literatura de cordel é a poesia do povo, do sertanejo nordestino, do pau-de-arara, dos sem-
terras. Mas também pode-se dizer que ela é poesia universal: do Brasil e do mundo.
2.2.5. LITERATURA DE CORDEL: PCNS
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (2001, p. 45), enfatizam a importância dos
alunos contactarem, aprenderem e interpretarem, os diversos gêneros textuais que circulam no meio
social e também abordam a valorização das diferentes manifestações das culturas e a literatura de
cordel tem essa finalidade. [...] os textos mais adequados são os quadrinhos, parlenda e canções
que, em geral, se sabe de cor; e no segundo, as embalagens comerciais, os anúncios, os folhetos de
27
propaganda e demais portadores de texto que possibilitem suposição de sentido a partir do conteúdo
[...] (PCN’s, 2001, p. 45).
Quando se introduz a literatura de cordel na escola é necessário que se atente para a
dimensão social e política que representou e representa, na transmissão, no debate de informação e
histórico do povo nordestino e brasileiro. É viável trabalhar literatura de cordel e outras poesias por
ser uma excelente forma de levar poesia para a sala de aula. Quando isso acontece deixa-se o
automatismo dos livros didáticos, adotados sem critérios, longe da realidade e desrespeito às
culturas as culturas regionais dos alunos.
O cordel bem trabalhado traz resultados satisfatórios para os alunos, porque através dele
pode-se facilitar a leitura e a compreensão de textos; desenvolve o censo crítico e a análise reflexiva
além de colocar o aluno em contato a tradição oral e escrita. A literatura e o manuseio permite ao
aluno uma melhor expressão verbal e escrita, desperta-o para a criatividade, leva novas informações
para quem não tem acesso direto a meios de comunicação.
É aconselhável usar cordel na escola, isso por ser vantajoso, dependendo da
capacidade do professor em fazer um bom emprego deste recurso fantástico. Surtirá um grande
efeito eficaz como: desenvolvimento do raciocínio lógico do verso e da metrificação e contato com
outras
fontes
de
informação
que
transcendem
o
livro
escolar.
2..2.6. A INTERDISCIPLINARIDADE DO CORDEL
Segundo Segalla (2005, p. 506), interdisciplinaridade “é interação entre diferentes
ramos do conhecimento; é objetivo dos currículos escolares mais modernos”. Partindo desse
pressuposto a literatura de cordel é interdisciplinar por natureza. Ela diversifica por diversos temas
e assuntos que certamente atrai a atenção dos alunos. Ela une a música coma a poesia, integra a
plasticidade das artes visuais e pode ser usada para difundir os temas transversais.
Se o professor estimular a leitura desta simples literatura, estimular a compor,
conhecer as rimas, versos, estrofes. Reescrever, recriar, criar a xilogravura, não está o aluno em
contato com artes e linguagem? Indiretamente há um incentivo à aprendizagem.
A história e a geografia são constantemente trabalhadas no cordel, falta o
planejamento e vontade do professor para usá-lo de forma a contribuir com os valores existentes na
região em que estão inseridos.
A literatura de cordel na escola só trará benefício, será gratificante porque nos dias
hodiernos essa cultura verseja por diferentes temas e pode ser usada como recurso paradidático no
sentido de debater na sala de aula assuntos relacionados aos temas transversais, datas
28
comemorativas, cidadania, solidariedade, preconceito racional, o meio ambiente, religiosidade,
drogas, violência e as questões de cunho social.
Um ponto primordial do cordel na escola é a estimulação à leitura, a produção
textual, além de contribuir para esta cultura como veículo de comunicação de massa, e divulgar na
escola, em feiras, rádios, carros de som, de forma que não se possa deixá-la morrer, mas que a possa
perdurar por longos e longos anos.
Os cordelistas escrevem seus cordéis para emocionar, divertir, convencer e fazer
pensar o mundo de uma forma diferente, e ensinar. Estes poetas usam recursos lingüísticos como
rimas, metáforas e novas formas de arrumar as palavras no papel, com o objetivo de transmitir além
de conhecimento, emoção para o leitor.
A poesia de um modo geral permite que o aluno perceba que o texto possui funções
práticas de uma dimensão estética relacionada à beleza da língua. Mostra ainda a ele uma forma
organizada das palavras, como o propósito de interpretar o mundo e a forma como se expressa o
sujeito. A poesia desperta sentimentos e leva o sujeito a pensar, e permite diferentes leituras e
diferentes significados. Isto depende do conhecimento lingüístico de cada aluno e sua percepção de
vida.
Para Altenfelder (2008, p. 27):
O objetivo da leitura é mobilizar as estratégias
que o leitor vai utilizar. Sendo assim, ler um
artigo de jornal é diferente de ler um romance,
uma história em quadrinhos ou um poema.
Geralmente , quando lemos um poema, temos
como objetivo o entretenimento, a busca do
encantamento com a forma original e diferente
que os poetas têm de ver o mundo.
Diferentemente de outros gêneros de textos,
um poema pode ser lido muitas vezes e cada
leitura despertar uma nova emoção, novas
idéias, novas sensações.
acordacordel.blogspot.com
29
Felizmente estamos vendo
Na escola brasileira
Os docentes trabalhando
Nosso “Folheto de Feira”
Por ser um paradidático
Alegre, expressivo e prático
Contamina a classe inteira
(MONTEIRO, 2004, p. 26).
Existem milhares de cordéis escritos por ele no Brasil. Cabe ao professor ler, selecionar e
planejar suas aulas e de uma vez por outra utilizar uma estrofe, daquelas que os vates chamam de
espirituosa e explorar morfologicamente e sintaticamente. Vale lembrar do que disse Paulo Freire,
explorar as palavras geradoras e proporcionar um discurso em que envolva toda a classe.
Folha verde purifica
O gás Carbônico do ar
Igual pulmão a filtrar
O ar que nos tonifica
Sem floresta a terra fica
De veras comprometida
Se até a galha partida
E as folhas que caem no chão
Das arvores têm o condão
De transformar pó em vida (MONTEIRO, 2004, p. 27).
Na estrofe acima pode-se ver o detalhe, a riqueza, a estética da língua e a
interdisciplinaridade nela contida. Veja esta décima, é possível trabalhar sinônimo de forma
atraente:
Memória é recordação
Menisco é cartilagem
Estima, camaradagem
A cadeia é detenção
30
Chove-não-molha é indecisão
Milho moído é xerém
Distância vai mais além
Rota é itinerário
Estude o Dicionário
2.2.7. A ORALIDADE DA LITERATURA DE CORDEL PARA AQUISIÇÃO DA LEITURA
A poesia popular, enquanto literatura oral já existe há mais de 3.500 anos. Não
podemos menosprezar a oralidade e a memorização que sem dúvida alguma é a parte mais dinâmica
e folclórica deste contexto conhecido como cultura popular. A oralidade é a base que mantém a
história viva, atualizada, isto devido a musicalidade que o cordel possui, o ritmo, a cadencia, e isto é
fácil para fixação na mente, e é por isto que os poetas e pessoas comuns recitam estrofes e mais
estrofes perpetuando histórias e acontecimentos que são passadas de pai para filho. Graças a esta
memorização e a oralidade muitas tradições culturais como costumes, lendas, rituais entre outros, já
teriam desaparecido do convívio social de um povo.
A oralidade e a memorização andam juntas nesse processo, e a criança resiste à
escrita porque a oralidade é mais visível, corporal, perceptível, direta, fascinante e fácil de
manipular. Na aprendizagem a leitura e a oralidade devem vir na frente.
A relação intertextual tem tudo a ver com a oralidade, porque por traz desta fala
comunicativa podem existir na memória muitos textos para serem relacionados. Criança deve ter
muitos textos, estrofes e quadrinhos na cabeça para que através deles ela saiba narrar suas histórias.
O professor deve recitar estrofes, para fixar na mente dos alunos e podem comentar, fazer inferência
observar quem memorizou solicitar escrita, reinventar, principalmente esses textos que vêm da
tradição oral, manejado na memória, porque estas formas de narrar textos poéticos como cordel,
parlenda, quadrinhos, tem um efeito, uma musicalidade atraente que fascina a criança e a todos que
as escutam.
Em outros tempos, o cordel ficou entre a oralidade e a escrita. Muitas pessoas o adquiriram
sem saber ler. Alguém o lia ou cantava e muitas pessoas memorizavam e levavam para casa e
recitavam entre os amigos. Quanto melhor a oralidade, a memória, melhor a intertextualidade,
melhor a leitura.
31
2.2.8. A LITERATURA DE CORDEL NA ESCOLA
O caso da literatura de cordel também merece atenção por parte dos professores, esta
forma especial de se fazer literatura, pode aproximar o popular, o que é dito nas ruas, do que é
aprendido nas escolas de forma acadêmica.
A linguagem da literatura de cordel é para ser falada, é para ser declamada, cantada, é feita
para ser transmitida oralmente, embora esteja escrita em livretos em forma de rimas e versos. Em
sala de aula o cordel pode ser usado pelo professor para desenvolver nos alunos a capacidade para
falar em público, aproximar as crianças dos livros e da leitura.
Em nossa pesquisa encontramos no “you tube” um evento promovido pela biblioteca
Monteiro Lobato e exibido pela TVE Bahia, em 11 de outubro de 2010, que ilustra bem o cordel, no
lançamento do livro “Pai Francisco Entrou na Roda” de autoria do educador e cordelista Antonio
Barreto e ilustrado por Antonio Cedraz. Neste vídeo vi uma criança declamando o livreto de cordel
de forma bem natural e prazerosa.
A luta é grande para fazer das crianças amantes da leitura, mas a tarefa não é impossível,
se percebe que existem alternativas, educadores atentos e dedicados, com amor e sabedoria, vão
encontrar formas de vencer esta batalha. As histórias em quadrinhos, a literatura de cordel, a
literatura para crianças em geral são recursos importantíssimos, que se bem usados pelo professor,
poderão angariar muitas crianças para o mundo da leitura.
2.2.9. A LITERATURA DE CORDEL COMO RECURSO
O escritor Renato Campos já observava no final da década de 60 e 70 que, “levados pelo
desejo de ler folhetos, muitos trabalhadores têm se alfabetizado” e que “os professores e assistentes
sociais poderão encontrar na literatura de cordel, valioso auxílio para o bom êxito das suas tarefas.”
(CAMPOS, 1977, p. 10). Por muitos anos o cordel foi um dos meios de alfabetização das camadas
populares do interior do Brasil, em locais que não tinha escolas.
O cordel, no século XXI, tem seu espaço nas escolas para a alfabetização dos alunos e
para o melhor entendimento dos conteúdos escolares. Também é utilizado em momentos de
descontração.
Os folhetos de cordel são recursos interdisciplinar. Este trabalho tem como propósito
analisar a viabilidade do cordel como recurso no ensino da História da literatura, relacionado-a com
32
outras disciplinas a fins. Nesse sentido, os “folhetos de acontecido” ou “folhetos de época” são os
mais instigantes para os professores. Maria Grillo aponta que “inúmeros são os eventos do século
XX contidos nos folhetos que relatam o cotidiano da nossa História e nos quais são dadas
representações diversas das contidas nos livros didáticos.” (GRILLO, 2006, p. 83).
“Os poemas de acontecido do cordel existem como crônica poética popular, de fato,
documentando uma história popular que engloba cem anos da realidade brasileira.” (CURRAN,
2001, p. 27). É importante que o professor, a partir do tema relativo ao conteúdo programático que
está trabalhando, faça um levantamento dos folhetos que podem ser utilizados na sala de aula.
Sendo assim, a escolha dos “folhetos de acontecido” contempla os objetivos expressos nos
Parâmetros Curriculares Nacionais no processo de ensino e aprendizagem das disciplinas a fins. Da
educação basica.
(...) são favorecidos os trabalhos com fontes documentais e com obras que
contemplam conteúdos históricos. (...) O confronto de informações contidas em
diversas fontes bibliográficas e documentais pode ser decisivo no processo de
conquista da autonomia intelectual dos alunos. Pode favorecer situações para que
expressem suas próprias compreensões e opiniões sobre os assuntos, investiguem
outras possibilidades de explicação para os acontecimentos estudados. (BRASIL, p.
65)
A importância do cordel consiste também pelo fato de ser uma ferramenta que contribui para
o desenvolvimento da leitura entre os alunos. Vitória Silva observa que “os professores de cada
disciplina precisam agregar ao rol de variáveis que orientam seu trabalho mais uma: uma
metodologia para o desenvolvimento da linguagem”; já os professores de literatura,
especificamente, precisam estar comprometidos tanto em atingir objetivos que são próprios da sua
disciplina, quanto com o “desenvolvimento da leitura e da escrita.” (SILVA, 2004, p. 71).
O cordel torna-se um “facilitador da leitura”. A sua linguagem é em forma de rimas. A
maioria dos folhetos de cordel tem rimas nos formatos de sextilhas, com o segundo, o quarto e o
sexto versos rimando entre si. Essa linguagem se torna mais fácil de ser compreendida pelos alunos.
A proposta de utilização do cordel no ensino de História não descarta o livro didático. Antes
de utilizar os folhetos nas aulas, é necessária uma introdução do conteúdo. O professor deve
primeiramente ministrar o conteúdo sobre a Era Vargas (geralmente incluído nos programas da 8a
série/9o ano e do 3o ano do ensino médio) com o livro didático, para depois fazer uso dos folhetos.
O professor deve demonstrar aos alunos os objetivos da atividade com o cordel. Os alunos
devem saber para que vão ler os folhetos. Vitória Silva destaca que é fundamental que o professor
esteja seguro de dois pontos: “que o texto selecionado de fato ofereça condições para se alcançar os
objetivos propostos”, levando em conta se a linguagem está adequada à série dos alunos, e que
33
“tanto o objetivo como o texto ofereçam motivação para a realização da tarefa”. (SILVA, 2004, p.
80).
Para a escritora motivação é “a garantia de que os alunos possuem os conhecimentos
prévios que viabilizem a atividade, e que a definição do problema a ser resolvido por meio da
leitura lhes seja significativa”. (SILVA, 2004, p. 80). Esses conhecimentos prévios viriam da
introdução do conteúdo pelo professor a partir do livro didático. Assim, durante a leitura do cordel,
os alunos irão reconhecer o assunto tratado.
Um ponto importante é o método a ser utilizado. O mais adequado ao se trabalhar com o
cordel é a leitura coletiva, no qual os alunos realizariam a leitura dos folhetos em voz alta. Esse
procedimento estimula a participação dos alunos nas aulas, sendo uma alternativa ao “modelo
tradicional”, onde o professor era a “voz única” na sala.
2.3. A IMPORTÂNCIA DE OUVIR HISTÓRIAS
Ouvir histórias é um acontecimento muito prazeroso, para as crianças. Pode desperta o
interesse das pessoas em todas as idades, mais principalmente as crianças. Se os adultos adoram
ouvir uma boa história,
a criança é capaz de se interessar e gostar ainda mais. Já que sua
capacidade de imaginar é mais aguçada.
A narrativa faz parte da vida da criança desde quando nasce. Através da voz amada dos
pais contando histórias e das canções de ninar. Das cantigas de roda, das narrativas curtas sobre
crianças, animais ou natureza, etc. As crianças pequenas já demonstram seu interesse pelas
histórias, batendo palmas, sorrindo, imitando algum personagem. A literatura é fundamental para a
formação da criança. Que os professores conte muitas histórias desde a mais tenra idade.
34
CAPITULO III
3.0. VISITA À BIBLIOTECA PUBLICA DO PARANÁ
Postado por Toda Letra
Fundada em 7 de março de 1857, a Biblioteca Pública do Paraná (BPP) já passou por treze
sedes. Desde 1954, está localizada no Centro de Curitiba, em um prédio histórico de 8,5 mil metros
quadrados, tombado pelo Patrimônio Cultural.
A BPP possui um acervo de cerca de 600 mil volumes, entre livros, periódicos, fotografias
e materiais de multimídia. Recebe cerca de 3 mil pessoas e realiza 1,5 mil empréstimos diariamente.
Oferece atendimento especial às crianças e aos deficientes visuais.
Além de proporcionar o acesso da população à leitura, a BPP também conta com uma
programação cultural composta por exibição de filmes, exposições de artes, encontros semanais
dedicados à poesia, contação de histórias, oficinas de criação literária e bate-papo com escritores de
literatura adulta e infanto-juvenil.
35
3.1. LIVRO ESCOLHIDO: Literatura de Cordel sobre o governo de Getúlio
Vargas
http://.antoniomiranda.com.br
GETÚLIO E OS POBRES
Getúlio não é fascista
nem também usurpador
e se deu aquele golpe
que lhe fez um ditador
foi para salvar a pátria
da miséria do terror
O golpe de trinta e sete
foi contra a grande anarquia
que reinava em nossa terra
onde a fome consumia
milhares de proletários
pois o rico não sofria
Cada parte do estado
tinha um rico prepotente
rodeado de capangas
do mais bruto ao mais valente
onde o pobre era um cachorro
faminto, nu, repelente
36
Foi quando Getúlio Vargas
notou este descontrole
diz consigo: eu sou um homem
boca grande não me engole
vou cortar o malefício
com o pobre ninguém bole
Por este grande motivo
implantou a ditadura
acabou com os coiteiros
tirou do rico a bravura
o pobre passou a ser
tratado om mais brandura
Quem achou isto ruim
foi a gente da escol
que não tinha classe pobre
como gente, no seu rol
sem saber que o povo baixo
também tem direito ao sol
Daquela data em diante
foi o povo acreditando
que ainda havia um homem
que nele estava pensando
e o valor de Getúlio,
foi pouco a pouco aumentando
Já hoje não é preciso
comícios ou propaganda
pra dizer que no Brasil
Dr. Getúlio, é quem manda
pois o povo está com ele
e com ele o povo anda
Voltemos as nossas vistas
aos festejos da cidade
aonde Getúlio prova
sua popularidade
pois o povo o recebeu
cheio de felicidade
O GRANDE CHOQUE
O negro manto da morte
Envolve a nossa nação,
37
Na mata o môcho sinistro
Canta funérea canção,
Tudo é silêncio e degrêdo
Tristeza e desolação!
O bronze dos velhos sinos
Ressoa pausadamente,
E o dobre de finados
Com sua voz comovente
Diz ao mundo que o Brasil
Perdeu o seu Presidente.
Morreu Getulio, morreu,
Morreu nosso chefe amado
Cujo coração em vida,
Fôra ao povo devotado
Hoje o mesmo coração,
De balas está crivado!
Que triste e cruel desfecho
P ́ra quem, desde a mocidade,
Com um sorriso enfrentava
O bem e a fatalidade
Lutando contra a miséria,
Traição, e perversidade.
A elaboração de um livreto em forma de Literatura de Cordel sobre o governo de Getúlio
Vargas, tem por objetivo usar a criatividade dos alunos para analisar criticamente o período de
Vargas, uma figura tão importante quanto ambígua da nossa História.
Em grupos de três alunos, criaram o conteúdo de forma rimada e irônica, além da capa
alusiva ao tema, muitas vezes usando a charge como expressão.
Os textos foram lidos em classe e armou-se um varal em cada sala, que é a
apresentação característica desta forma que por isto tem este nome: cordel.
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http://.csj.g12.br/
3.2. QUESTIONÁRIO SOBRE CORDEL
NOME: Aramis
IDADE: 28 anos
SÉRIE ESCOLAR: Superior
O que é Cordel, qual o conceito?
Literatura de Cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por
meio da escrita são transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo — pelo próprio povo.
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O nome de Cordel teve origem em Portugal, onde os livretos, antigamente, eram expostos
em barbantes, como roupas no varal.
Quais origens da literatura de cordel?
As primeiras manifestações da literatura popular no ocidente ocorreram por volta do século
XII. Peregrinos encontravam-se no sul da França, em direção à Palestina; no norte da Itália, para
chegar à Roma; e ainda na Galícia, no santuário de Santiago.
Como é a literatura de cordel no Brasil?
Nossa literatura de cordel é caracterizada, principalmente, pela poesia popular. A prosa
aparece muito mais na forma oral, que passa de geração para geração.
Como é uma manifestação de cordel?
é uma manifestação muito mais cultural do que intelectual, destaca-se em regiões onde a
cultura é mais valorizada e delineada. Aqui no Brasil essas regiões são a Nordeste e a Sul.
Grandes autores da poesia popular brasileira?
Centenas, talvez milhares de autores poderiam ser listados aqui, mas vou falar dos três
mais conhecidos.
Leandro Gomes de Barros foi o mais importante e mais famoso autor da literatura de
cordel brasileira. Seu livreto “O Cachorro dos mortos” vendeu mais de um milhão de exemplares.
João Martins de Athayde. Autor popular que mais produziu. Comprou os direitos
autorais de Leandro Gomes de Barros quando da sua morte, passando a editar também seus poemas.
Cuíca de Santo Amaro. O mais terrível poeta popular. Fazia denúncias contra corruptos e
poderosos de sua época. Era amigo íntimo de Jorge Amado, que o incluiu como personagem
em seus Tereza Batista, Cansada de Guerra e no conto A morte de Quincas Berro D’água.
Afinal, temos ou não um país de leitores?
Não, não temos. Com o caos social que vivemos hoje, a urbanização e, sim, a marginalização
dos antigos camponeses, a literatura de cordel mudou bastante, refletindo agora a nova
realidade que o povo vive.
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4. CONCLUSÃO
A literatura para criança tem um papel importantíssimo no processo ensino-aprendizagem .
O professor através dos contos, das histórias em quadrinhos, da literatura de cordel, do teatro de
bonecos e de todos os recursos, que a literatura possibilita, pode desenvolver inúmeras situações
em sala de aula e na escola, que permite à criança compreender o mundo onde ela vive e inter-
relacionar com sua vida, de maneira leve e divertida, sem perder o foco, que é o desenvolvimento
do ser humana em seus múltiplos aspectos, tanto individual, quanto coletivo.
Na escola temos vários ambientes, cada um com sua função mais específica. A biblioteca,
sem dúvida, é o local que precisa ser mais explorado por todos, principalmente os alunos e os
professores, porque é lá que se encontra a principal fonte de conhecimento da vida escolar, o livro.
Aqui falo do livro não só da forma convencional, mas englobando todas as formas de
livros, livros com gravuras, ilustrados, com dobraduras, com textos escritos e tudo que se possa
imaginar de conteúdos e conhecimentos que seja possível de se passar através de um livro.
Para se formar bons estudantes é preciso torná-los autodidatas, e para isso, gostar da leitura
e dos livros é pré-requisito básico, sem isso o aluno não vai conseguir avançar na vida acadêmica, e
este processo é facilitado se foi iniciado desde cedo com os professores da educação, ensino
fundamental.
5.
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Lista de figuras
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Figura 3 - Mafalda: uma tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino
Quino.<http://.bibliotecaets.blogspot.com>. Acesso em: 06 Nov. 2012.
Figura 4 - (Homem Aranha, X-Men 2 , Huck). disponível em:
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Figura 8 - Mafalda: uma tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino
Quino.<http://.bibliotecaets.blogspot.com>. Acesso em: 06 Nov. 2012.
Figura 9 - Mafalda : desenhada pelo cartunista argentino Quino. disponível
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Figura 10 - Folhetos de cordel em varal: disponível em:
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Figura 11 - Visita de Lampião a padre Cíciro no ceu: disponível em:
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Figura 13 - Canudos, movimento e massacre. disponível em: <www.paulus.com.br>
Figura 14 - Folhetos de cordel em varal: disponível em:
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Figura 16 -Biblioteca publica do paraná. disponível
em: http://www.google.com.br/imagens>. Acesso em: 06 Nov. 2012.
Figura 17 - Getulio Vargas na Literatura de Cordel. disponível em:
<http://www.sebodomessias.com.br >. Acesso em: 06 Nov. 2012.
Figura 18 - Getulio Vargas o ditador. disponível< http://.antoniomiranda.com.br>. Acesso
43
em: 06 Nov. 2012.
Otros sitios pesquisados
< http://.antoniomiranda.com.br>. Acesso em: 06 Nov. 2012.
<http://www.enjoyyourbreak.wordpress.com>. Acesso em: 06 Nov. 2012.
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