Aluno: Benedito M.
SUMÁRIO
I-
INTRODUÇÃO
- NOÇÕES GERAIS DE LEITURA E SEUS MEDIADORES
1.1.
O PAPEL
DO
PROFESSOR
DAS SÉRIES
INICIAIS DO
ENSINO
FUNDAMENTAL
NA FORMAÇÃO
DE LEITORES
EFETIVOS.......................................................................................
1.2. A
BIBLIOTECA, UM ESPAÇO DE LEITURA, INTERAÇÃO E
DESCOBERTA.................................................................................
1.3.
A CRIANÇA E O LIVRO
…..........................................................................................
1.4.
LINGUAGEM E LEITURA.........................
2.0.
A IMPORTÂNCIA DO USO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E A LITERATURA DE
CORDEL NA ESCOLA PARA PROMOVER NA CRIANÇA O PRAZER DE
LER...................................................................................................................................................
2.1.
S HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
….........................................................................
2.2.
A
LITERATURA
DE CORDEL
NA
ESCOLA...............................................................
2.3
A LITERATURA DE CORDEL COMO
RECURSO.......................................................
3.
4.
CONCLUSÃO...............................................................................................................................
5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
.........................................................................................
RESUMO
A
literatura
é
um
instrumento
facilitador,
que
ajuda
o
professor
da
educação
básica
a
comunicar,
transmitir
os
conhecimentos
e
as
lições
que
ele
tem
para
passar
a
seus
alunos.
Com
os
recursos
dos
contos
de
fada,
das
histórias
em
quadrinhos,
dos
livros
ilustrados
o
professor
tem
condições
de
se
aproximar
do
universo
da
criança
e
criar
um
ambiente
especial
de
ensino-aprendizagem,
em
que
as
crianças
podem
obter
conhecimentos,
de
forma
prazerosa
e
lúdica,
certamente,
seria
muito
mais
difícil
o
desenvolvimento
intelectual
delas
sem
estes
recursos.
Para
isso
se
faz
necessário
utilizar
com
mais
eficiência
os
ambientes
da
escola,
como
a
sala
de
aula,
o
laboratório
de
informática
e,
com
uma
atenção
especial,
a
biblioteca,
porque
é
lá,
que
os
livros
ficam
a
disposição
de
todos,
estes
objetos
que
serão
mais
usados
durante
a
vida
acadêmica,
para
consultas,
leituras
e
pesquisas.
A
ação
do
professor
no
sentido
de
incentivar
os
alunos
a
leitura,
promovendo
atividades
onde
eles
possam
perceber
o
uso
prático
da
linguagem,
será
de
fundamental
importância
para
o
afeiçoamento
destes
alunos
aos
livros
e
aos
estudos.
Palavras
chaves:
Literatura;
Escola;
Criança,
biblioteca,
professores.
A
INFLUÊNCIA DA
LITERATURA
PARA CRIANÇAS NO
DESENVOLVIMENTO
DA LEITURA
I- INTRODUÇÃO
Nos primeiros anos de vida, a criança está em processo de adaptação
ao novo mundo, está conhecendo sua família e seu entorno doméstico.
O que ela escuta: as conversas, as histórias dos adultos representam
algo ainda muito confuso, um pouco sem sentido para percepção
infantil.
A criança vive no seu mundo imaginário, onde pode se comunicar com
tudo a sua volta, do seu jeito próprio, conversa com seus
brinquedos, com os animais e até com seres invisíveis que povoam
sua mente fértil. Isto, na maioria das vezes, gera um pouco de
preocupação nos adultos, principalmente os pais, que não estão
acompanhando ou não estão entendendo o processo de desenvolvimento
da criança.
Quando chega a idade adequada para ir à escola, a criança é
submetida a um novo ambiente social. Agora ela precisa interagir com
outras pessoas, até então, desconhecidas para ela, isto é, os
professores, os coleguinhas, as merendeiras, o diretor, isto
representa outro sistema hierárquico um pouco diferente do que ele
absorvera em casa. Neste contexto a escola precisa desenvolver várias
atividades que possibilitem a criança integrar-se consigo mesma e
com os outros, fazer com que ela entenda o mundo onde está inserida
e cresça como ser humano.
Entre estas atividades, que a escola precisa promover, está o uso da
literatura como instrumento de apoio, instrumento facilitador para
criança começar sua caminhada no universo escolar, e, dá passos
mais definitivos e com significados na sua autoconstrução como
indivíduo. Como afirma Costa (2010, p.23) “A Literatura Infantil é
literatura e, nesse sentido, é arte e tem sua especificidade no
sujeito a que se destina – a criança, e sua respectiva cultura –
a infância”. Neste sentido, com a utilização da leitura, da
escrita, das narrações das históricas dos contos com gravuras, do
uso do teatro de bonecos, de canções e outros modalidades de
atividades didáticas na escola, a criança vai se preparando para
melhor lidar com a sua vida cotidiana.
Considerando os pontos levantados acima, neste trabalho vamos abordar
a importância do papel do professor como indutor na formação de
bons leitores e amantes dos livros, bem como o uso das histórias em
quadrinhos e literatura de cordel em sala de aula, tornando-os
instrumentos para atrair as crianças para leitura, e demonstrando a
utilização da biblioteca, este lugar muitas vezes esquecido nas
escolas, que pode ser explorado de forma mais frequente por parte dos
professores para estimular os alunos à leitura.
CAPITULO I
1.0. NOÇÕES GERAIS DE LEITURA: SURGIMENTO NA
EUROPA E NO BRASIL
Tendo surgido como reflexo de algumas
transformações sociais, a literatura, desde sua origem, instiga uma
reflexão que procura definir seu estatuto no contexto das artes em
geral. Tal preocupação deve-se à especificidade do gênero que,
destoando de outras formas de manifestação artística, já nasce
com uma destinação precisa, definida pelo adjetivo que o
caracteriza. Nesse sentido, observamos travar-se em seu cerne uma
luta entre o conceito de literatura enquanto construção lingüística
que se define por sua autonomia e o designativo “infantil” que
invoca um recebedor determinado, obrigando o gênero a “atender aos
interesses” desse receptor. A compreensão e, conseqüente,
resolução desse impasse, fator determinante para aqueles que têm o
gênero como objeto de trabalho, começa a se esboçar com traços
mais nítidos quando nos situamos na origem do problema: o
surgimento, na Europa, de textos destinados ao público jovem.
Associada a acontecimentos de fundo
econômico e social, a origem da literatura para crianças ocorre no
século XVIII, período em que a Revolução Industrial é
deflagrada. Determinando o crescimento político e financeiro das
cidades, a industrialização tem como reflexo direto a decadência
do sistema medieval, baseado no feudalismo e na valorização do
poder rural. Em substituição aos grandes senhores feudais, a
burguesia se afirma como classe social urbana, incentivando a
consolidação de instituições que a ajudem a atingir as metas
desejadas. Entre essas instituições, destacam-se a família e a
escola.
Interessado em fraturar a unidade do
poder dos feudos, o Estado Absolutista passa a estimular um modo de
vida mais doméstico e menos participativo publicamente, criando para
tanto um determinado estereótipo familiar, baseado na organização
patriarcal e no modelo de família nuclear. Visto que tal estereótipo
representa o sustentáculo dessa nova forma de governo, para
legitimá-lo foi necessário promover a criança, maior beneficiário
dessa estrutura. Se até o século XVII ela era vista como um adulto
em miniatura, a partir do século XVIII adquire um novo status,
determinando a valorização dos laços de afetividade e não mais de
parentesco e herança conforme previa o sistema medieval.
Detentora de um novo papel na sociedade e
vista agora como um ser frágil, desprotegido e dependente, a criança
passa a ser alvo de valorização e de proteção, sendo separada da
hostilidade do mundo adulto ao qual tinha antes livre acesso. Esse
protecionismo redunda em isolamento, tornando necessário o
surgimento de instituições que preservem o lugar do jovem na
sociedade e sirvam de mediação entre a criança e o mundo. É,
nesse contexto, que surge a escola.
Numa sociedade em que o processo de
modernização é flagrante em virtude da industrialização, cabe à
escola adequar o jovem a esse novo quadro social. Isso é feito
primordialmente por meio da alfabetização, habilitando a criança
ao consumo das obras impressas que se proliferam no século XVIII
como reflexo desse processo: aperfeiçoamento da tipografia e
expansão da produção de livros. Alfabetizados, os jovens passam a
necessitar de material adequado que supra essa nova habilidade
adquirida, determinando o início dos laços entre a literatura e a
escola.
Produto da industrialização e, portanto,
sujeito às leis do mercado, o livro passa a promover e a estimular a
escola, como condição de viabilizar sua própria circulação e
consumo. Nesse sentido, sua criação, visando a um mercado
específico cujas características precisa respeitar e motivar, adota
posturas, por vezes, nitidamente pedagógicas e endossa valores
burgueses a fim de assegurar sua utilidade. Surge, nesse momento, o
grande impasse que acompanhará todo o percurso de evolução do
gênero: arte literária ou produto pedagógico-comercial?
Longe de ser resolvido, tal impasse faz emergir
um questionamento incômodo: se de um lado, tantas concessões
interferem na qualidade artística dos textos; de outro, denunciam
que, sem concessões de qualquer grau, a literatura não subsiste
como ofício, ou seja, sem abrir espaço para a mediação do leitor
no seu processo de elaboração, a literatura não se socializa. É
na tentativa de resolver essa problemática que a literatura para
criança e seu estudo vão ganhando relevância.
No Brasil, embora a literatura juvenil tenha
surgido no século XVIII, foi somente no século XIX que,
relativizando, ainda que de maneira incipiente, o flagrante pacto com
as instituições envolvidas com a educação da criança, ela define
com maior segurança os tipos de livros que mais agradam aos pequenos
leitores, determinando suas principais linhas de ação: histórias
fantásticas, de aventuras e que retratem o cotidiano infantil.
Descoberto e valorizado esse interesse, o gênero ganha consistência
e um perfil definido por meio do trabalho dos autores da segunda
metade do século XIX, garantindo sua continuidade e atração.
É nesse contexto que a vertente brasileira do
gênero emerge. Embora os livros para crianças comecem a ser
publicados no Brasil em 1808 com a implantação da Imprensa Régia,
a literatura juvenil brasileira nasce apenas no final do século XIX.
Mesmo nesse momento, a circulação de livros para crianças no país
é precária e irregular, representada principalmente por edições
portuguesas que só aos poucos passam a coexistir com as tentativas
pioneiras e esporádicas de traduções nacionais. Enquanto sistema
(de textos e autores postos em circulação junto ao público), a
literatura destinada ao jovem público brasileiro se consolida
somente nos arredores da Proclamação da República.
Esse processo não é gratuito: no final do
século XIX, vários elementos convergem para formar a imagem do
Brasil como um país em processo de modernização, entre os quais se
destacam a extinção do trabalho escravo, o crescimento e a
diversificação da população urbana e a incorporação progressiva
de levas de imigrantes à paisagem da cidade. Visto que essas massas
urbanas começam a configurar a existência de um virtual público
consumidor de produtos culturais, o saber obtido por meio da leitura
passa a deter grande importância no emergente modelo social que se
impõe, fazendo com que a escola exerça um papel fundamental para a
transformação de uma sociedade rural em urbana.
Como elementos auxiliares nesse processo, os
livros juvenis e escolares são dois gêneros que saem fortalecidos
das várias campanhas de alfabetização deflagradas e lideradas,
nessa época, por intelectuais, políticos e educadores, abrindo
espaço, nas letras brasileiras, para um tipo de produção didática
e literária dirigida especificamente ao público jovem.
Aberto esse campo, começa a despontar a
preocupação generalizada com a carência de material de leitura
adequado às crianças do país as quais contavam apenas com
adaptações e traduções dos clássicos infantis europeus que,
muitas vezes, circulavam em edições portuguesas cujo código
lingüístico se distanciava bastante da língua materna dos leitores
brasileiros. Em função da necessidade do abrasileiramento dos
textos, aumentando sua penetração junto às crianças, o início da
literatura juvenil brasileira fica marcado pelo transplante de temas
e textos europeus adaptados à linguagem brasileira.
Uma vez que a escola é um ambiente
privilegiado para a difusão desses textos, na medida em que nela se
encontram os leitores-consumidores visados pelo projeto de
alfabetização, a disponibilidade do mercado para o consumo por ela
evidenciada justifica a repetição de fórmulas e a ênfase na
missão formadora e patriótica dessa literatura para crianças.
Transformando o movimento de nacionalização
em nacionalismo, a literatura lança mão, para a arregimentação de
seu público, do culto cívico e do patriotismo como pretexto
legitimador, conceitos que se manifestam por meio da exaltação da
natureza, da grandeza nacional, dos vultos e episódios históricos e
do culto à língua pátria.
Nesse sentido, se por um lado a preocupação
com o destinatário juvenil motivou a adaptação que fez esses
textos afastarem-se dos padrões europeus; por outro, o compromisso
escolar e ideologicamente conservador atribuiu a essa literatura a
função de modelo.
1.1 O
PAPEL DO
PROFESSOR
DAS SÉRIES
INICIAIS DO
ENSINO
FUNDAMENTAL
NA FORMAÇÃO
DE LEITORES
EFETIVOS
Entre todos os agentes da escola, o professor é sem dúvida, quem mais tem o poder de transformar, de influenciar as crianças. Ele faz o contato direto e constante com os alunos. A sua presença, a sua interferência tem o potencial de produzir novos e bons leitores, novos pesquisadores, novos amantes dos estudos. Este processo se inicia nos primeiros anos de escola. O professor das séries iniciais precisa ser reconhecido e também se reconhecer como peça de fundamental importância no sistema de formação de amantes do saber.
A literatura no ensino fundamental pode e deve ser aliada do
professor no processo de conduzir a criança de forma segura na
jornada escolar, para isso, é essencial ele, o professor, ler
pesquisar e conhecer as obras e os bons autores de literatura para
crianças, interagir com os outros professores, e sempre buscar
adequar os conteúdos encontrados nas obras literárias a sua
realidade local e a de seus alunos. Com este cabedal de conhecimentos
o docente terá efetivas condições de despertar o interesse dos
alunos pela leitura. Segundo Costa (2010, p.158): “A relação
entre literatura e escola deve ser intrínseca e explorada pelo
professor na sua prática pedagógica. Explorá-la sem limites”.
E para ser bem sucedido nesta tarefa de despertar as consciências
das crianças para leitura, o professor precisa ter desenvolvido sua
capacidade técnica de manipular os recursos que estão ao seu
alcance e ter disponibilizado um ambiente adequado na escola, para
que possa aplicar as dinâmicas, que preparou visando à integração
dos alunos com a leitura.
No uso da literatura para crianças em sala de aula, o professor deve
se apresentar como elemento ativo e agente promotor de mudanças. Em
uma narração de uma história, por exemplo, há momentos mágicos
onde todos podem estar aprendendo, os alunos e o professor. Lições
de bondade, de beleza, de justiça podem ser passadas de forma leve e
divertida através do conto. Estes momentos de prazer certamente vão
permanecer na memória de cada participante.
Segundo Freire (1999, p.80): “Ensinar exige alegria e esperança.
[...] A esperança de que o professor e os alunos juntos podemos
aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente
resistir aos obstáculos à nossa alegria”. A literatura promove
isso, através dos contos é possível viajar, refletir, sonhar,
perceber seus problemas através dos problemas dos personagens, e
descobrir soluções para esses problemas. Se o professor se dispõe
utilizar estes recursos de forma coerente e com bom- senso,
certamente despertará o interesse de seus alunos pela leitura.
1.2. A BIBLIOTECA, UM ESPAÇO DE LEITURA, INTERAÇÃO E DESCOBERTA
As bibliotecas das escolas podem ser um espaço mais atraente para as
crianças e adolescentes. Portanto devem ser mais divulgadas e
incentivadas pelos professores para serem visitadas pelos alunos.
“Eu”, por exemplo, não me lembro ter ido a uma biblioteca na
escola quando era estudante nos primeiros anos escolares, nem também
depois, nunca ouvi de um professor, em mais de 14 anos de escola, um
convite ou incentivo para ir à biblioteca, mas mesmo hoje, noto
ainda certo abandono das bibliotecas das escolas, não no sentido de
cuidado, elas na grande maioria das vezes estão arrumadas, os livros
na estante estão organizados por assunto, em muitos casos tem até
uma bibliotecária, mas falo no sentido de serem muito pouco
visitadas.
A biblioteca, este ambiente especial da escola, merece receber um
olhar diferenciado dos profissionais da educação. Os livros são a
principal fonte, onde os professores e alunos buscam o conhecimento,
e o local na escola reservado para eles ficarem, precisa ser visitado
com mais frequência. Para isso, tornar a biblioteca um local
atraente para os alunos de todas as faixas etárias é o grande
desafio de professores, pedagogos, bibliotecários e diretores das
escolas.
Existem vários projetos bem elaborados visando exatamente isto,
apresentar a biblioteca como um ambiente atraente, onde se pode ler,
aprender de forma lúdica e obter o conhecimento. As implementações
destes projetos, evidentemente, devem começar desde as séries
escolares iniciais, para poder ir formando um hábito nas crianças.
Nesta pesquisa, um destes projetos atraiu minha atenção, porque
exatamente desfaz aquela ideia de biblioteca como um lugar fixo,
austero, de apenas silêncio e introspecção, é o Projeto
Biblioteca Para Primeira Infância, desenvolvido pelo Instituto
Brasil Leitor, consultado via internet em 15/09/2012, que apresenta
uma biblioteca versátil, que pode ser montada numa sala de aula,
numa enfermaria de um hospital para crianças ou num espaço
público, onde estiverem crianças. Os móveis, os livros, os
brinquedos, tudo foi pensado para criar um ambiente de interação,
aprendizado e prazer para as crianças. Este projeto, como tantos
outros bem elaborados, pode servir como exemplo inspirador para todos
os educadores.
1.3. A CRIANÇA E O LIVRO
O contato da criança com o livro pode acontecer muito antes do que
os adultos imaginam. Muitos pais acreditam que a criança que não
sabe ler não se interessa por livros, portanto, não precisa ter
contato com eles. O que se percebe é bem ao contrário. Segundo
Sandroni e Machado (1998, p.12) “a criança percebe desde muito
cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer”.
As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras
que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas,
identificando-as e nomeando-as. É importante que o livro seja tocado
pela criança, folheado, de forma que tenha um contato mais íntimo
com o objeto do seu interesse.
A partir daí, ela começa a gostar dos livros, percebe que
eles fazem parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-se
por meio de palavras e desenhos. De acordo com Sandroni e Machado
(1998, p.16) “o amor pelos livros não é coisa que apareça de
repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem
oferecer. Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta
descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura.
1.4. LINGUAGEM E LEITURA
O ser humano inicia a sua aprendizagem a partir do momento em que
nasce. Nos primeiros contactos com o ambiente que o rodeia, com a
mãe, com o meio familiar e, mais tarde, com o ambiente escolar e
social, estabelece-se uma inter-relação que se vai aprofundando e
modificando, de acordo com o próprio desenvolvimento. Nessa inter-
relação actua a criança e o adulto, que “ensina”.
A linguagem é muito importante em todo o processo de desenvolvimento
da criança, uma vez que vai ser o suporte de todas as aprendizagens
e aquisições. Daí a criança ser capaz de comunicar, recorrendo a
todo o tipo de linguagem oral, escrita, corporal e gestual.
A aquisição da linguagem pela criança processa-se de forma
natural e espontânea, basta que seja exposta à língua da
comunidade a que pertence, isto é, que ouça falar à sua volta e
que falem. A linguagem adquire-se e desenvolve-se através do uso, do
ouvir falar falando. Esta aquisição processa-se em várias fases e
é condicionada por diversas influências, pelo que nem todas as
crianças do mesmo nível etário apresentam o mesmo grau de
desenvolvimento linguístico.
A linguagem vai progredindo e aperfeiçoando-se, à medida que são
vencidas as várias fases, mas esta evolução necessita da
intervenção do adulto, quer seja da família ou do professor. As
alterações da linguagem podem surgir em qualquer umas das etapas e
podem ser devidas a deficiências congénitas, mas também a factores
de ordem sócio-cultural e sócio - económico do meio de onde provêm
os alunos.
As dificuldades que algumas crianças apresentam no início da vida
escolar manifestam-se nas matérias fundamentais, a leitura e a
escrita, tendo como consequência dificuldades noutras áreas de
aprendizagem traduzindo-se em fraco rendimento escolar. É ao iniciar
a sua escolaridade (Ensino Básico) que se manifestam essas
dificuldades na aprendizagem, dado que é no 2º e 3º anos do Ensino
Básico que criança deve aprender a ler e a escrever, tarefa escolar
que poderá transformar-se numa verdadeira angústia e numa enorme
dificuldade caso não tenham sido adquiridos certos requisitos.
Estas dificuldades poderão levar a criança a rejeitar as aulas, a
perturbar o ambiente da sala de aula, a recusar realizar as tarefas,
falta de estímulo para estar na sala de aula, podendo mesmo conduzir
ao desenvolvimento de uma personalidade conflituosa.
“Para que os alunos que chegam à escola, com uma variedade de
origem diferente, alcancem o nível de mestria necessário no
Português padrão, não pode esquecer-se que a simples exposição
ao modelo fornecido pelo professor e por outros colegas não é
suficiente, havendo que promover, na sala de aula, estratégias de
ensino diferenciadas, direcionadas para este propósito específico.”
Este processo é simples e natural, mas exclui por completo o
imobilismo. Para o professor consiste em ter ao mesmo tempo, e em
interação permanente, dois cuidados: o de conhecer sempre melhor os
“recursos” do aluno e o descobrir, sem cessar novos itinerários
para os seus saberes.
O trabalho em conjunto, professor – aluno é uma forma de conseguir
uma aprendizagem significativa para a criança, pois parte das
necessidades do ator principal do processo pedagógico, que é a
criança. Neste processo, a responsabilidade e a autonomia dos alunos
são essenciais dado que eles são membros ativos da sua
aprendizagem.
A linguagem individualiza-nos enquanto espécie e constrói-nos como
sujeitos na medida em que nos permite conhecer, pensar, agir
argumentar, sentir, abrindo-nos as portas do conhecimento.
CAPITULO II
2. A IMPORTÂNCIA DO USO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E A LITERATURA DE CORDEL NA ESCOLA PARA PROMOVER NA CRIANÇA O PRAZER DE LER
2.1. HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
As histórias em quadrinhos foram, por muito tempo, consideradas como
coisa para criança. Mas na escola havia uma grande resistência no
seu uso como objeto de leitura para criança, só a bem pouco tempo,
alguns professores mais modernos, de forma ainda muito tímida,
começaram a se utilizar das histórias em quadrinhos como objeto de
leitura na sala de aula. Isso porque houve uma mudança de percepção,
por parte do meio acadêmico, em relação às histórias em
quadrinhos.
De repente, as histórias em quadrinhos, tidas como uma subliteratura
prejudicial ao desenvolvimento intelectual das crianças, passam a
despertar interesse nos meios cultos e serem analisadas com seriedade
pelos estudiosos, como uma nova forma de manifestação artística e
cultural. (ALVES, 1996, p. 2)
Para atrair as crianças para leitura o professor tem a sua frente um
grande desafio, porque há concorrência por todos os lados,
principalmente nos dias atuais, com tantas opções de distração,
como é o caso da televisão, dos jogos eletrônicos, dos celulares
repletos de recursos audiovisuais, dos computadores. A batalha não é
simples para conduzir as crianças, fazê-las sentar e ler um livro
com prazer. As histórias em quadrinhos, neste sentido, pode ser uma
opção muito atraente para as crianças, porque combina vários
fatores como afirma Alves (1996, p. 5) referindo-se aos quadrinhos:
O sucesso das histórias em quadrinhos baseia-se na forma de leitura
que, sem forçar a mente a complicadas formulações, e sem exigir
atualização no campo da teoria literária, ainda diverte. Crianças
(até as não-alfabetizadas), adultos, professores, sociólogos,
psicólogos, interessam-se por este meio de expressão, seja como
“inocentes” leitores (principalmente no caso das crianças), ou
interrogando-se sobre a importância das histórias em quadrinhos.
2.2. A LITERATURA DE CORDEL NA ESCOLA
2.2. A LITERATURA DE CORDEL NA ESCOLA
O caso da literatura de cordel também merece atenção por parte dos
professores, esta forma especial de se fazer literatura, pode
aproximar o popular, o que é dito nas ruas, do que é aprendido nas
escolas de forma acadêmica.
A linguagem da literatura de cordel é para ser falada, é para ser
declamada, cantada, é feita para ser transmitida oralmente, embora
esteja escrita em livretos em forma de rimas e versos. Em sala de
aula o cordel pode ser usado pelo professor para desenvolver nos
alunos a capacidade para falar em público, aproximar as crianças
dos livros e da leitura.
Em nossa pesquisa encontramos no “you tube” um evento promovido
pela biblioteca Monteiro Lobato e exibido pela TVE Bahia, em 11 de
outubro de 2010, que ilustra bem o cordel, no lançamento do livro
“Pai Francisco Entrou na Roda” de autoria do educador e
cordelista Antonio Barreto e ilustrado por Antonio Cedraz. Neste
vídeo vi uma criança declamando o livreto de cordel de forma bem
natural e prazerosa.
A luta é grande para fazer das crianças amantes da leitura, mas a
tarefa não é impossível, se percebe que existem alternativas,
educadores atentos e dedicados, com amor e sabedoria, vão encontrar
formas de vencer esta batalha. As histórias em quadrinhos, a
literatura de cordel, a literatura para crianças em geral são
recursos importantíssimos, que se bem usados pelo professor, poderão
angariar muitas crianças para o mundo da leitura.
2.3. A
LITERATURA
DE
CORDEL
COMO
RECURSO
O
escritor Renato Campos já observava no final da década de 60 e 70
que, “levados pelo desejo de ler folhetos, muitos trabalhadores têm
se alfabetizado” e que “os professores e assistentes sociais
poderão encontrar na literatura de cordel, valioso auxílio para o
bom êxito das suas tarefas.” (CAMPOS, 1977, p. 10). Por muitos
anos o cordel foi um dos meios de alfabetização das camadas
populares do interior do Brasil, em locais que não tinha escolas.
O cordel, no século XXI, tem seu espaço nas escolas para a
alfabetização dos alunos e para o melhor entendimento dos conteúdos
escolares. Também é utilizado em momentos de descontração.
Os
folhetos de cordel são recursos interdisciplinar. Este trabalho tem
como propósito analisar a viabilidade do cordel como recurso no
ensino da História da literatura, relacionado-a com outras
disciplinas a fins. Nesse sentido, os “folhetos de acontecido”
ou “folhetos de época” são os mais instigantes para os
professores. Maria Grillo aponta que “inúmeros são os eventos do
século XX contidos nos folhetos que relatam o cotidiano da nossa
História e nos quais são dadas representações diversas das
contidas nos livros didáticos.” (GRILLO, 2006, p. 83).
“Os poemas de acontecido do cordel existem como crônica poética
popular, de fato, documentando uma história popular que engloba cem
anos da realidade brasileira.” (CURRAN, 2001, p. 27). É importante
que o professor, a partir do tema relativo ao conteúdo programático
que está trabalhando, faça um levantamento dos folhetos que podem
ser utilizados na sala de aula.
Sendo
assim, a escolha dos “folhetos de acontecido” contempla os
objetivos expressos nos Parâmetros Curriculares Nacionais no
processo de ensino e aprendizagem das disciplinas a fins. Da educação
basica.
(...)
são favorecidos
os trabalhos
com fontes
documentais e
com obras
que contemplam
conteúdos históricos.
(...) O confronto
de informações
contidas em
diversas fontes
bibliográficas e
documentais pode
ser decisivo
no processo
de conquista
da autonomia
intelectual dos
alunos. Pode
favorecer situações
para que
expressem suas
próprias compreensões
e opiniões
sobre os
assuntos, investiguem
outras possibilidades
de explicação
para os
acontecimentos estudados.
(BRASIL, p.
65)
A
importância do cordel consiste também pelo fato de ser uma
ferramenta que contribui para o desenvolvimento da leitura entre os
alunos. Vitória Silva observa que “os professores de cada
disciplina precisam agregar ao rol de variáveis que orientam seu
trabalho mais uma: uma metodologia para o desenvolvimento da
linguagem”; já os professores de literatura, especificamente,
precisam estar comprometidos tanto em atingir objetivos que são
próprios da sua disciplina, quanto com o “desenvolvimento da
leitura e da escrita.” (SILVA, 2004, p. 71).
O cordel torna-se um “facilitador da leitura”. A sua linguagem é
em forma de rimas. A maioria dos folhetos de cordel tem rimas nos
formatos de sextilhas, com o segundo, o quarto e o sexto versos
rimando entre si. Essa linguagem se torna mais fácil de ser
compreendida pelos alunos.
A proposta de utilização do cordel no ensino de História não
descarta o livro didático. Antes de utilizar os folhetos nas aulas,
é necessária uma introdução do conteúdo. O professor deve
primeiramente ministrar o conteúdo sobre a Era Vargas (geralmente
incluído nos programas da 8ª série/9º ano e do 3º ano do ensino
médio) com o livro didático, para depois fazer uso dos folhetos.
O
professor deve demonstrar aos alunos os objetivos da atividade com o
cordel. Os alunos devem saber para que vão ler os folhetos. Vitória
Silva destaca que é fundamental que o professor esteja seguro de
dois pontos: “que o texto selecionado de fato ofereça condições
para se alcançar os objetivos propostos”, levando em conta se a
linguagem está adequada à série dos alunos, e que “tanto o
objetivo como o texto ofereçam motivação para a realização da
tarefa”. (SILVA, 2004, p. 80).
Para a escritora motivação é “a garantia de que os alunos
possuem os conhecimentos prévios que viabilizem a atividade, e que a
definição do problema a ser resolvido por meio da leitura lhes seja
significativa”. (SILVA, 2004, p. 80). Esses conhecimentos prévios
viriam da introdução do conteúdo pelo professor a partir do livro
didático. Assim, durante a leitura do cordel, os alunos irão
reconhecer o assunto tratado.
Um ponto importante é o método a ser utilizado. O mais adequado ao
se trabalhar com o cordel é a leitura
coletiva, no qual os alunos realizariam a leitura dos folhetos
em voz alta. Esse procedimento estimula a participação dos alunos
nas aulas, sendo uma alternativa ao “modelo tradicional”, onde o
professor era a “voz única” na sala.
2.4. A
IMPORTÂNCIA
DE
OUVIR
HISTÓRIAS
Ouvir histórias é um acontecimento muito prazeroso, para as
crianças. Pode desperta o interesse das pessoas em todas as idades,
mais principalmente as crianças. Se os adultos adoram ouvir uma boa
história, a criança é capaz de se interessar e gostar ainda
mais. Já que sua capacidade de imaginar é mais aguçada.
A narrativa faz parte da vida da criança desde quando nasce.
Através da voz amada dos pais contando histórias e das canções
de ninar. Das cantigas de roda, das narrativas curtas sobre
crianças, animais ou natureza, etc. As crianças pequenas já
demonstram seu interesse pelas histórias, batendo palmas, sorrindo,
imitando algum personagem. A literatura é fundamental para a
formação da criança. Que os professores conte muitas histórias
desde a mais tenra idade.
CAPITULO III
3.
4.
CONCLUSÃO
A literatura para criança tem um papel importantíssimo no processo
ensino-aprendizagem . O professor através dos contos, das histórias
em quadrinhos, da literatura de cordel, do teatro de bonecos e de
todos os recursos, que a literatura possibilita, pode desenvolver
inúmeras situações em sala de aula e na escola, que permite à
criança compreender o mundo onde ela vive e inter-relacionar com sua
vida, de maneira leve e divertida, sem perder o foco, que é o
desenvolvimento do ser humana em seus múltiplos aspectos, tanto
individual, quanto coletivo.
Na escola temos vários ambientes, cada um com sua função mais
específica. A biblioteca, sem dúvida, é o local que precisa ser
mais explorado por todos, principalmente os alunos e os professores,
porque é lá que se encontra a principal fonte de conhecimento da
vida escolar, o livro.
Aqui falo do livro não só da forma convencional, mas englobando
todas as formas de livros, livros com gravuras, ilustrados, com
dobraduras, com textos escritos e tudo que se possa imaginar de
conteúdos e conhecimentos que seja possível de se passar através
de um livro.
Para se formar bons estudantes é preciso torná-los autodidatas, e
para isso, gostar da leitura e dos livros é pré-requisito básico,
sem isso o aluno não vai conseguir avançar na vida acadêmica, e
este processo é facilitado se foi iniciado desde cedo com os
professores da educação, ensino fundamental.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Vicente: poeta popular paraense. Introdução
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